28 dezembro, 2012

Sonetto III



TEU OLHAR tão risonho,
É como uma bênção do senhor!
Feliz sou eu que tenho o Amor
Ao meu lado e em sonho.

Ao ver o teu brilho eu desmaio!
Pois o teu olhar ardente
Reluz tal qual o poente,
E se spalha vibrante como um raio.

Teu olhar meigo de menina
Tão pálido e casto,
Alimenta-me e alucina.

Teu olhar é perfumado como uma flor,
Faz-me ditoso como um rei,
E me entorpece como o licor.



Foto: Anella Mesquita

22 dezembro, 2012

Julieta


“Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco...
Tratar-me como se trata um boneco”[1]


Teu corpo sublime
É divino como o tinto,
E ao lado de Dionísio[2]
Peregrino ao firmamento sem luz.

A cinese de minha mente
Não é pelo libar do tinto
Nem pelo sândalo que inebria
Mais o efêmero toque de nossos corpos

Sou um Incubo[3] salmista[4]
Que na lira do devaneio
Faço do teu corpo uma Ambrósia[5].

Beijo tua boca,
Amo tua boca,
Assim como, beijo, amo, o vinho.


 Foto: Kamilla Vilanova


[1] Poema Minha desgraça de Álvares de Azevedo
[2] Deus do vinho na mitologia grega
[3] Demônio que copula com  as mulheres
[4] Pessoa que faz salmos
[5] Alimento dos deuses

04 novembro, 2012

Perfeita


Cabelos cálidos em seus perfeitos cachos,
Auréola divina que inibi a melancolia
E provoca na deusa da beleza
Uma odisseia de nostalgia.

Olhos da coloração de mel,
Doces como a eterna castidade
Provocam tantas sensações
Que recendi sua luxúria pela eternidade.

Boca que balbucia por medo,
Boca virginal e cheirosa,
Boca de sonho e fetiche,
E de alegres lembranças deleitosas.

Seios brancos e miraculosos,
Perfumados como u’ a flor
Nuvem para o ócio do poeta
Tão singelos quanto o meu Amor.

Mãos de pálida inocência,
Lívidas, claras, cheirosas e delicadas,
Mãos com sutis dedos robustos
Que são mais que sagrados.

Pés santificados como os de Jesus,
Que deixam rastros de paixão
Purificando dolorosas feridas
Inclusive as do meu coração.

Corpo que lampeja como um strela,
Que fez meus lábios chorar,
Que fez minha vida renascer,
Que fez meu corpo sonhar.

Meu pequeno sol flamejante
Moça musa do Amor,
Que stas suras que screvo
Sejam declamadas em teu louvor.


(Marco Gomes)

Foto: Tavila Monte

03 novembro, 2012

Pulsão e representação



Dezenove anos inteiros já vividos
Expressão autêntica da pureza de u’ a donzela,
Na sua boca o brilho reluzente.
Yo miro en tu ojos uno sueño,
Sensível aos teus encantos
Expresso meus sentimentos nestes versos.

Desfaço cada palavra que screvo
Encontrando sempre um vocábulo mais fiel,
No intuito de poder representar meu desejo.
Yo busco todas las palabras bellas,
Seguro de que é quase impossível
Encontrar alguma para demonstrar a ti meu sentimento.


(Marco Gomes)

Foto: Denyse Sanches

Sonetto XVI



O AMOR é audacioso!
E quando em corações se hospeda,
Ele se torna impetuoso
E árduo como uma pedra.

Sou um poeta pobre
E não faço poesia nobre,
Mas, sou o profeta guardião.
Do Amor e da paixão.

O poeta é um desvairado,
Que vive a vida a trovar
A boca que ele nem pode beijar.

Mas o que posso fazer?
Se sta dádiva de trovar
Desperta quando em ti, stou a sonhar...


(Marco Gomes)

Foto: Lívia Queiroz